Mas foi somente ao participar de uma palestra organizada pela fabricante de cosméticos que a decisão de dar um salto foi de fato tomada. “Aconteceu no início de 2019. Eu estava na Natura vendo a apresentação da vice-presidente de marketing e sustentabilidade e inovação. E, de repente, ela falou uma frase da Natura: o que uma empresa de beleza pode fazer pelo mundo? Na hora, pensei: e o que uma consultoria de marcas pode fazer pelo mundo? E a ficha caiu. Naquele momento, entendi que certificar-se como uma empresa B seria fundamental para continuar colaborando para que grandes marcas se tornem protagonistas”, recorda.
Em geral, essas companhias têm parceiros de negócios que já as identificam por práticas similares às de uma empresa B. Francine destaca que, além de Natura e Danone, certificadas como empresas B no país, outras grandes organizações que não têm o selo, mas adotam práticas ESG – casos de Gerdau e Magalu -, priorizam a contratação de fornecedores B.
Entre os ajustes, o executivo menciona a necessidade que teve de agregar um olhar cotidiano mais inclusivo e cuidadoso à sua equipe de colaboradores. “Cada funcionário que trabalha na Praya de uma maneira feliz, porque sabe que é uma empresa segura e transparente, que tem carinho e cuidado com ele, vai trabalhar melhor. A certificação nos fez enxergar e cuidar melhor disso”, aponta.
O uso de insumos e matérias-primas é outro ponto fundamental. Hoje, a Reserva utiliza algodão orgânico em larga escala. “Desde o início, os fundadores da companhia têm a convicção de que o sucesso não deve ser medido só pelo lucro. Os sócios da empresa entendem que é preciso gerar valor para todos os agentes afetados pelo negócio: clientes, colaboradores, meio ambiente e a sociedade de uma forma geral”, defende Alan Abreu, analista de sustentabilidade da Reserva.
Pesou a favor da Reserva, ao longo do processo de certificação, ter cerca de metade do time composto por mulheres e em cargos de liderança, algo raro no país. No momento, a empresa está realizando um censo interno para conhecer sua população em questões como raça, gênero e orientação sexual. No futuro, projeta Abreu, os dados serão usados para ações que possam tornar o ambiente de trabalho mais receptivo à valorização das diferenças.
No pilar social, dois programas se destacam: o Rebeldes com Causa, que apoia empreendedores da área da moda, e P5P, que consiste em doar cinco refeições à população carente a cada peça de roupa vendida.